Por Vitoriano Bill
Em 1846
na obra A Ideologia Alemã, Marx e Engels, disseram que “os pensamentos da
classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes.” E
observando 168 anos depois, vemos que essa afirmação continua sendo verdadeira.
É uma
constatação bem simples! Quem detém dos meios de produção, detém a capacidade
de disseminar o produto cultural que desejar. E as emissoras de rádio e
televisão cumprem o papel de vitrine, dizendo qual a música do momento, qual o
ritmo que devemos dançar, o autor que deve ser lido, a festa que devemos ir.
Outra situação
é quando a elite se apropria da cultura popular e festas tradicionais. Fazendo
de algo que todos tinham acesso e liberdade pra participar, algo restrito a
quem possui maior poder de compra.
Dado esse
cenário, cabe à classe trabalhadora criar condições de resistência. Para isso,
sindicatos, movimentos sociais, associações de bairros, grupos de vizinhos, têm
a tarefa de criar meios de manter as tradições culturais vivas e fomentar produção
artístico-cultural em contraponto a esse modelo de sociedade mercadológico.
Podemos citar
aqui vários exemplos bem sucedidos de eventos realizados por movimentos sociais
e grupos/coletivos de artistas populares que se organizam sem qualquer ajuda governamental
pra proporcionar à comunidade momentos de diversão e uma reflexão à partir da
arte.
Em Altamira,
no Bairro Boa Esperança, todos os anos um grupo de base do Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB) realiza uma belíssima festa junina aos moldes
tradicionais. O evento é construído por cada morador.
Ainda por
terras xinguanas, desde junho de 2013, que o Coletivo de Poetas Marginais
realiza saraus nas praças e nas periferias de Altamira, incentivando a leitura
e a escrita através da poesia de contestação social e da música de qualidade.
Outro exemplo
também é a atuação da Fundação Tocaia que realiza anualmente o encontro de
Bandas da Transamazônica e Xingu, e apresentação de peças teatrais como o espetáculo "Memoria das Águas do
Xingu”.
Á nossa maneira,
de forma simples, estamos à margem construindo alternativas de emancipação da
classe trabalhadora, vendo as diversas expressões culturais como ferramenta de
organização popular e contestação da realidade em que vivemos.
*Texto publicado originalmente no informativo do Coletivo Educador Na Escola e Na Luta.