Por Vitoriano Bill
Numa sociedade de
classes, àquela dominante sempre fará toda as manobras possíveis pra manter-se
na posição atual, com todas as regalias vindas de frutos da exploração dos
pertencentes ao grupo dos explorados. Altamira não foge a regra do resto do
mundo.
A região da
Transamazônica e Xingu fez uma resistência histórica contra a polêmica Barragem
de Belo Monte. Os Movimentos Sociais da região muito organizados e combativos,
sempre deram conta de correr atrás das demandas populares, mesmo com todos os obstáculos
específicos desta área abandonada pelos governos.
A exemplo de outras
partes do país, a elite também começou a aprimorar seus métodos organizativos a
fim de garantir seus interesses. No paraíso Xinguano seguiu-se a mesma lógica.
Tudo quando é bicho endinheirado, desde empresários, Prefeitos, vereadores, latifundiários
e tantos outros parasitas da classe trabalhadora criaram em maio de 2009 o Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (FORT Xingu). Uma
agremiação burguesa composta por 170 entidades.
O principal, e porque não dizer o
único objetivo desse grupo era lutar pela vinda de Belo Monte. Fizeram
discursões e campanhas de convencimento do progresso que barragem traria.
1.
Geração de energia limpa e renovável;
2.
Geração de emprego e desenvolvimento;
3.
As famílias atingidas seriam realocadas para bairros com
infra-estrutura, saneamento básico, energia e moradias dignas;
4.
Com o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingu a
vida das pessoas de toda a região teria um salto na qualidade e de vida.
Esses quatro pontos não são mais
importantes que os outros seis, mas foram esses os motivos que fizeram a
maioria da população se desmobilizar contra a hidrelétrica.
De todas as cidades impactadas
pela barragem, Altamira é a maior, e era movimentada financeiramente pelos
salários de funcionários públicos, pequenos comércios, agricultura e o setor madeireiro.
No entanto o povo vivia feliz e em
paz. Lutando sempre pra ser lembrado por politicas públicas que de fato
trouxessem melhoria pra todos.
Mas a tática da elite é simples,
deixar o povo sem saída e deixar a uma única proposta como alternativa. E assim
se foi.
Transamazônica e Xingu chegou a um
estado de abandono total por Prefeituras, Estado e Governo Federal. Fecharam-se
as madeireiras por conta de irregularidades, o desemprego aumentou de forma
assustadora. E apontaram a Usina de Belo Monte como a única solução.
Os empresários e políticos da
elite em peso acamparam a luta pela construção da barragem, e ai de quem
ousasse a dizer não, era dito como opositor ao progresso.
Hoje estamos todos no caos de Belo
Monte, inclusive quem defendeu essa barragem. O tal proclamado progresso ainda
não veio.
As casas novas para os expulsos de
suas moradias, a Norte Energia quer fazer de concreto (Latas de Sardinhas).
O PDRS é um rio de dinheiro que já
foi gasto 50 milhões e ainda não impactou positivamente a população necessitada
de fato.
Belo Monte infelizmente acabou com
a qualidade de vida de todos em Altamira e Região.
E os defensores históricos desse projeto infame simplesmente colocaram a viola
dentro do saco e fecharam os trabalhos do FORT XINGU.
Por que o FORT XINGU saiu de cena
sem dá explicações à cidade? Por que os paladinos do progresso saem de cena
justamente quando a Altamira e Região vivem uma turbulência social por impactos
de Belo Monte?
Vou aqui parafrasear Cazuza,
dizendo “Porcos num chiqueiro são mais dignos que um burguês”, pois o FORT
XINGU está fugindo do mostro que ajudaram a criar, porque já sugaram tudo que
tinha pra sugar. Que o povo fique com os passivos deste presente de grego.