Por Vitoriano Bill
Como
pode haver tantas contradições em um só recorte social?
Estamos
no carnaval, gastando mais de R$1 Milhão DE DINHEIRO PÚBLICO numa festa que
ocorre numa VIA PÚBLICA, e que pra o cidadão entrar no corredor da folia tem a
obrigação de ter um abadá. Só que os donos dos abadás, os blocos, recebem patrocínios
de um monte de empresas, e do poder público, a
PREFEITURA.
Os
abadás custam em média R$ 40,00. E como só entra no corredor quem o tem, logo o
ingresso do carnaval é em média R$40,00.
Estranho
não!?
Na
noite passada, enquanto chovia, o corredor era tomado pela água. E naquele
momento era tudo alegria, esquecíamos que assim como o corredor estava
alagando, toda a cidade também ficava submersa.
Mas
é normal, pra isso serve o carnaval, pra fantasiarmos...
Ainda
na festança, só que lá pelos camarotes, uma certa autoridade municipal
descumpria a portaria do Juiz da Vara da Infância, que determina que adolescente de
menores de 16 anos depois de 9h da noite deve está em casa mesmo acompanhado dos
pais ou responsáveis. As conselheiras foram fazer seu papel de dizer pro TODO
PODEROSO CUMPRIR A PORTARIA, ele hesitou. As luzes do camarote foram apagadas
pra não chamar atenção do público pela cena criada. Até que num ato de bom
senso, o FIGURÃO atendeu às conselheiras.
E
a chuva sem dá pausa...
Pela
manhã, alguns moradores do bairro Boa Esperança me ligaram pedindo pra eu ir
ver a situação que eles estavam. Tinha casas alagadas. Outras na eminencia de
serem invadidas pela enchente.
Como sempre um situação era desoladora. Todo
mundo apreensível. As mulheres principalmente. Uma perguntavam pras outras “
pra onde vamos?”
Eu
sempre com meu dom natural de dá mancadas, perguntei se haviam ligado pra
Defesa Civil. Para uma pergunta óbvia, a resposta é óbvia. Ligaram diversas vezes mas
ninguém atendia.
Eu
também fiz o mesmo, liguei, liguei, liguei. E nada...
Chamamos
a imprensa. E quando o repórter chegou, todo mundo queria falar. As pessoas
veem nos repórteres a figura de quem pode denunciar as mazelas que os governos
fingem não ver.
E
as crianças, elas brincavam com as pequenas cobras que apareciam pelas águas.
Iam e voltavam, sem ter noção exata do perigo ao qual estavam expostas.
Uma
das donas de casa me falou de sua preocupação com a invasão dos ratos, sapos e
cobras nas residências. Esses animais assim como os humanos, fogem das
enchentes e procuram um lugar seco pra se acomodarem.
Mas
é carnaval. Se em fevereiro as enchentes eram culpa das insensatez de São Pedro.
Agora não há culpado, são as águas de Março. É natural chover muito nesse mês mesmo...
Vamos
continuar fantasiando que tudo está bem. Que o governo cuida de forma correta
do povo, que terá outro R$1Milhão para cuidar de forma humana das pessoas
atingidas pela cheia dos igarapés, do rio...