Por Vitoriano Bill
Acordar cedo não é tarefa fácil! Esse
desafio é enfrentado por cada trabalhador e trabalhadora diariamente.
Mas nesta quarta-feira (23/10) a
tarefa foi maior para os profissionais em educação da rede pública estadual de
ensino do Pará. Todos deviam está às 4h da madrugada na Praça do Mattias.
Estes educadores há mais de 15 dias
em greve reivindicando dentre tantos pontos de puta, um plano de carreiras e
melhorias nas condições de ensino. E até o momento o governador do Pará, Simão
Jatene, não assinalava para resolução das demandas.
Desta forma a única maneira de chamar
a atenção, foi trancar a Rodovia Transamazônica (BR 230). Esta mesma rodovia,
que é caminho dos trabalhadores da maior obra do PAC em andamento, a Usina
Hidrelétrica de Belo Monte.
O ato organizado pelo SINTEPP, um
sindicato muito moço de apenas 30 anos, era audacioso. Digo isso por vários motivos.
Enumero dois aqui: O primeiro é que professor é uma categoria difícil de ser
mobilizada. Segundo, pela própria proposta de trancar a rodovia, que é algo
assustador só de se ouvir falar. Significa impedir a circulação de um bocado de
gente, incluindo aí os operários da obra de Belo Monte.
Mas o acúmulo do descaso do
governador Simão Jatene com a educação e o abandono de toda a região, veio como
um gás novo encorajando Professores e Professoras.
Por volta das 3h30 já havia gente se
aglomerando na praça. Muita animação, ânsia de fazer parte da história.
Pontualmente às 4h todos se dirigiram ao local escolhido pra interditar a BR.
Lá, todos com a mão na massa,
colocando pneus no meio da estrada, outros sinalizando para os carros que já
iam se aproximando. Pronto! A Transamazônica trancada numa madrugada fria e
nublada.
De repente se avistava uma fila quilométrica
da CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte) parados. Os operários desciam um a um
para ver o que estava acontecendo.
As falas no megafone cumpria a tarefa
de dialogar, de explicar o motivo da interdição da BR. Assim, todos se compreendiam
com oprimidos por esse sistema voraz. TRABALHADOR NÃO BRIGA COM TRABALHADOR!!!
Essa quarta-feira foi o dia que
professores e professoras, profissionais historicamente massacrados por esses
governos pararam a maior obra do Brasil e deram uma aula de cidadania. Mesmo na
demora de alguns acordar, o momento foi vivido com muita fé, pois quem estava
lá deram muito de si pra valer a pena.
E junto a eles estavam alunos, e os
movimentos combativos da região.