No
ultimo dia 14 de agosto fui participar de uma comemoração em homenagem ao dia
dos pais na escola onde minha filha estuda e ao chegar la me deparei com uma
situação onde se mistura educação com religião. Já faz certo tempo que tenho
observado essa tendência, digamos religiosa, por parte de alguns professores.
Tenho participado de alguns espaços de reunião de pais com o corpo docente da escola
e nesses espaços tenho me comportado de forma critica em relação a uma serie de
questões que são trazidas para a discussão e que são de responsabilidade do
município e da união, quanto responsáveis pela educação infantil, em função
disso não sou bem visto nem pela direção e também por muitos pais.
A questão aqui é
discutir qual é o papel da escola. Assim
como o Estado a escola deve ser laica e não misturar no âmbito do seu espaço
pedagógico, religião com educação. Até mesmo nas escolas religiosas, sejam de
matriz católica ou neopentecostal, a religião não pode ser misturada com a
função pedagógica da escola e nem imposta a partir da crença de um ou mais
professores. Na escola onde minha filha estuda tem “um espaço da fé”, que é
onde as crianças leem estórias e assistem a material audiovisual com caráter
religioso de matriz neopentecostal. Na atividade de homenagem ao dia dos pais a
escola convidou um pastor para da uma “palestra” para os pais, não se
importando e nem respeitando a crença de cada um e o direito que todos temos de
discordar dos valores religiosos para a educação de nossos filhos/as. Sim,
temos a liberdade de discordar dos valores religiosos impostos como verdade
absoluta, universal e dogmática. A maioria das pessoas não discorda por não ter
o habito de fazer a critica, eu, particularmente não fiz nenhuma intervenção
para, digamos, para não estragar a festinha do dia dos pais, organizada,
reconheço, de forma muito carinhosa pelas professoras.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado
com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções
pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em
estabelecimentos oficiais;
Mas
a escola – seu corpo docente – precisa entender que não é derramando uma
enxurrada de valores religiosos em cima de nossos filhos/as que irá formar
cidadãos de bem. Principalmente quando esses valores religiosos provem de uma
matriz que normalmente não dialoga com muitos direitos universais da pessoa
humana, como é o caso das religiões neopentecostais. A escola que faz isso desrespeita o mais
elementar direito do ser humano, que é o direito à liberdade. E essa liberdade
supõe que cada um e cada uma tenha a crença que quiser e professe essa crença
da forma que quiser e onde quiser. Formam-se pessoas de bem a partir de valores,
que pra mim são valores revolucionários no sentido de respeitar a liberdade do
ser humano e não necessariamente de valores religiosos; as religiões ou aqueles
que pregam os valores religiosos estão cheias de maus exemplos que nenhum ser
humano deve seguir. Não quero aqui entrar no mérito de qual religião é melhor
ou se uma é melhor que outra, pra mim isso nem existe. O que quero é trazer a
tona um problema, que infelizmente, não acontece somente na escola onde minha
filha estuda, mas parece ser uma tendência que mistura duas coisas distintas:
educação e religião.
Como
se vê em nenhum momento a escola e a educação têm a função de educar a partir
de crenças ou valores religiosos.
À
escola cabe a tarefa pedagogia da educação a partir de critérios devidamente
estabelecidos em lei, mas não cabe impor uma determinada religião como tem
acontecido em Altamira.