Por Vitoriano Bill
Um
dos grandes anestésicos de nossa sociedade atual é o discurso da neutralidade.
Tal ferramenta cumpre a função de distorcer a realidade e dissipar as
possibilidades de organização popular muito mais massiva.
A
neutralidade presta-se o papel desde prender as pessoas no meio termo (ex: uma constituinte para a reforma politica?
Tanto faz, vão continuar os mesmo no poder!) ou de esconder uma barbárie
praticada sistematicamente pelos governos (ex: interrogatório através de tortura-
vão dizer que é técnica de interrogação intensificada).
E
a quem serve tais discursos?
A
pergunta apresenta-se óbvia, no entanto, necessária. Uma vez que
inconscientemente o papel do neutro, é fortalecer o processo de opressão.
Quantas
vezes não foi reproduzido pelo Brasil inteiro as falas do Capitão Nascimento
(Tropa de Elite), sem nos perguntarmos qual o papel dos caveiras nas favelas
cariocas? Em Junho, as massas sentiram na pele a eficiência dos comandos de
elite das PM’s: REPRIMIR O POVO.
A
burguesia através de suas ferramentas midiáticas propaga a neutralidade de
maneira muito rápida, sejam trocando palavras fortes e reais por um eufemismo
mudando o foco do problema. Exemplo disso é o MENSALÃO TUCANO, que a GLOBO,
VEJA e companhia preferiu chamar de Cartel do Metrô de SP, tentando livrar a
cara do PSDB e seus figurões como SERRA e ALCKMIM.
Para
Slavoj Zizek ( filósofo esloveno), é fundamental observarmos que a
neutralização em palavras dá espaço para uma violência real muito mais forte. E
nós já presenciamos diversas vezes esse tipo de situação. Desde o delegado
dizer que o culpado do estupro é a mulher, até um imbecil apresentador de
jornal dizer que no tempo de estudante dele estudava-se em salas sem
ventiladores e ninguém reclamava do calor, e hoje só porque os ventiladores
quebram os alunos reclamam da escola.
Observando
assim, respondemos o óbvio com mais propriedade, e vemos que o discurso da
neutralidade só serve pra fortalecer o processo de opressão e repressão contra
o povo ao longo da história, escondendo assim os culpados pelas mazelas da
sociedade.