Ao assistir aos noticiários locais e vê reportagens que envolvam a atual administração municipal ou ao ouvir algumas pessoas se referirem ao prefeito Domingos Juvenil fica claro a inversão de papeis e valores nessa dita democracia. Alias, é exatamente pela total falta de compreensão do seja de fato a democracia que as pessoas invertem os papeis. Todo mundo se refere ao prefeito como “O doutor Juvenil”, numa alusão como se ele fosse melhor ou superior a todos os outros seres que habitam esta cidade.
A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo), ou seja, é o governo do povo e para o povo e não o governo de um “doutor” que esta acima de tudo e de todos. Parece estranho, mas é assim que o povo se habitou a chamar o ex-deputado e agora prefeito de Altamira Domingos Juvenil. Mas há que se considerar o que isso significa e a real mensagem que esse tipo de expressão carrega.
A ausência da verdadeira democracia produz essas deformações e a inversão dos papeis. Quem deveria estar a serviço do povo não está e o povo que deveria exigir que o mesmo estivesse não consegue fazê-lo. Evidentemente que pra ele isso é ótimo pois coloca o povo numa situação de subalternidade e consequentemente sempre o verá como “o salvador da pátria” e nunca como aquele que foi eleito, por representatividade, para em nome do povo e para o povo governar esta cidade. Ou seja, administrar todos os recursos para melhorar a vida do povo em todos os aspectos da vida em sociedade e em democracia.
É estranho que neste período do seculo XXI as pessoas ainda encarrem essas figuras como “senhores” de suas vidas e seus destinos. Evidentemente que o povo em geral, que usa esse termo, o faz por pura ingenuidade ou ignorância mas há uma significativa parcela da população e funcionários da administração municipal que faz por um interesse mesquinho e pessoal, chegando ao limite da idiotice, como se isso garantisse dividendos políticos e financeiros, ou no minimo, a manutenção do seu emprego pelo período que durar este governo. Esta parcela abre mão do minimo de dignidade em prol de interesses pessoais.
Políticos como Domingos Juvenil e Jader Barbalho, para ficar somente nesses dois exemplos, sempre produziram no povo esse sentimento de dependência e adoração. São daqueles poucos políticos que a população venera com ar endeusado, colocando nas paredes seus retratos, como num lembrete de que a eles devem favores e que sempre, sempre serão fieis e obedientes a seus mandos. Uma clara herança da ditadura militar e do tempo dos coronéis.
É necessário romper com essa herança maldita e com esse servilismo quase doentio do povo, mas pra isso é necessário também romper com a logica do capital que produz uma sociedade miserável e analfabeta em todos os sentidos e encontra nesses senhores os seus mais fieis representantes.
O povo precisa se libertar e cabe àqueles que tem o minimo de consciência de classe assumir essa tarefa. Àqueles que se submetem a condição vergonhosa de se dirigir a um representante do povo como se fosse senhor da história para manter seus privilégios, não merecem nada mais que a excreção publica.