-Vai Tiago!!!- A mulher gritava de forma
frenética o nome do jogador do Real Futsal.
Noite de quarta-feira, e o Ginásio da
Brasília aos poucos ia tendo suas arquibancadas tomada por mães, tias, tios,
pais, irmãos e casais de namorados pra acompanhar a Copa de Futsal SOS VIDA.
Eu, à convite de um amigo e aluno meu, fui
com meu filho Raimundinho assistir aos jogos daquela noite. E tamanha foi minha
surpresa, pois fui apenas assistir um jogo, e vi sonhos regados quando a bola
rolava. Presenciei portas escancaradas mostrando àqueles jovens jogadores,
meninos, uma imensidão de oportunidades de escolhas de como travar uma batalha e vencer ao lados de seus amigos, parceiros e suas famílias.
Tiago, jogador do Real Futsal, é da categoria
sub 13, o menino contava com uma torcida organizada que era de dá inveja a
qualquer Neymar. Num dado momento Tiago ficou cara-a-cara pro gol, errou. Mas o
número 11, colocou-se de pé, e retomou o jogo, pois sabia que não importava o
resultado a torcida estava esperando ele pra dá uma abraço redentor.
O Real Futsal, tem como técnico uma mulher.
Era a molecada correndo dentro da quadra e ela orientando de fora. Os meninos
do time já vão se acostumando que a mulher não comanda somente na cozinha de
casa, muito pelo contrário, elas são lideranças em todos os lugares, inclusive
no esporte.
O time adversário, CIDIC, foi quem venceu por
1 a zero. Na hora do intervalo, quando as
equipes mudaram de lado da quadra, o técnico do CIDIC, saiu procurando um a um
jogador do outro time pra cumprimentar com um aperto de mão. Com tal atitude, o
técnico mostrava, respeito ao adversário, e ensinava à cada atleta o verdadeiro
sentido do esporte, a celebração à vida, e respeito ao próximo.
Por fim no terceiro jogo, CORRENTE SOLIDÁRIA e SAN MATEUS, entrou em quadra já
depois de alguns minutos decorridos da partida, o meu amigo Nadson. Ele defende
a equipe do SAN MATEUS. Fiquei atento, aos jogadores na quadra e nele, no
‘banco’. Era a categoria sub 17, jovens que estão numa idade onde parece que o
mundo se abre de oportunidades recheada de falsos prazeres.
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Eu e Raimundinho |
O jogo estava truncado. Um
jovem sentado a meu lado, que pelo que percebi também está jogando na copa,
comentou que ‘o SAN MATEUS leva muito a sério a questão da meia quadra’. E de
fato, não tinha ninguém da equipe que avançasse a linha do meio da quadra
quando a CORRENTE SOLIDÁRIA estava com a bola.
Depois de alguns minutos,
Nadson entrou. Nossa, o menino é muito rápido. Ele deu uma velocidade ao jogo
que a CORRENTE SOLIDÁRIA não conseguiu acompanhar. Fez belíssimos gols, e
assistências providenciais.
Vi que o futsal,
transformava o Nadson. Companheiro nas assistências, disciplinado ao atender as
decisões do técnico, e arte no domínio da bola.
Há muito tempo ele me falava
desse campeonato, toda vez que me via pelos corredores da escola, falava:
- O Sinhô vai lá vê eu jogar
né?
Quando veio as férias me
passou me mensagem pra avisar o dia do jogo.
E foi gratificante vê-lo em quadra.
Enquanto eu gritava na
torcida, meu filho Raimundinho, ficava indo e voltando na arquibancada numa
diversão sem igual. Chegou em casa todo sujo.
Ontem ele perguntou se a
gente não ia no gol de novo.
Uma coisa é certa, na Sétima Copa de Futsal SOS VIDA, ninguém perde, a não ser quem está de fora.