Por Vitoriano Bill
Em
setembro o Ministério Público Federal (MPF), após vistoria nos futuros
reassentamentos urbanos construídos pela Norte Energia, aos atingidos pela
barragem de Belo Monte, constatou diversas irregularidades. Tais como:
1.
O
Reassentamento Urbano Coletivo Agroindustrial Jatobá estava em andamento sem
sequer ser aprovado pela prefeitura;
2.
Os
reassentamentos encontrava-se em desconformidade com o Código de Obras do
Município de Altamira (Lei nº 1.394/97), o que inviabiliza a aprovação do
projeto.
3.
As
instalações elétricas previstas para as casas estão em desconformidade com o
normatizado, o que significa inadmissível risco para a segurança dos futuros
moradores;
4.
Há
vícios construtivos nos banheiros destinados a pessoas com necessidades
especiais, de acordo com a norma , referente à localização das barras de apoio,
e referente à existência de banco nos boxes para banho;
5.
Ser
construído apenas um modelo de casa com 63m2. O que vai contra o
disposto no PBA (Plano Básico Ambiental), que diz que serão construídas casas
em três tamanhos: 60m2, 69m2 e 78m2.
6.
As
casas serem de concreto, uma vez que é um modo de edificação desconhecido pelos
moradores, e também não está de acordo com o prometido pela NESA (Norte Energia
SA) à população atingida.
Além
dessas irregularidades, o MPF, detectou outras que não me deterei no momento.
Munido
deste parecer, o MPF recomendou ao IBAMA, que acompanhasse a construção do
Reassentamento e que num prazo de 15 dias, aplicasse as devidas sanções e
paralisasse a construção do Reassentamento até que se adequasse às Leis
municipais, e ao contido no Plano Básico Ambiental.
Para
a Norte Energia, o grande problema era o Código de Obras do Município de
Altamira (Lei nº 1.394/97), uma vez que nada se enquadrava no disposto em lei.
E
adivinhem o que ocorreu?
Domingos
Juvenil, prefeito da cidade, enviou à Câmara Municipal um projeto de Lei (Lei
nº 042, de setembro de 2013) para alterar o Código de Obras de Altamira. Assim,
em vez de a Norte Energia se adequar às Leis, aconteceu o inverso, as Lei se
adequaram à Norte Energia.
Os
vereadores por sua vez, que nas redes sociais, posam de defensores do povo,
simplesmente aprovaram a alteração por unanimidade.
Prefeito
e Vereadores tiveram nas mãos oportunidade de garantir um reassentamento de
qualidade para os atingidos pela barragem, mas preferiram se curvar ao poderio
econômico da Norte Energia, e deixar os interesses do povo de lado.