Aquela quinta-feira

 Por Vitoriano Bill

Naquela quinta-feira as ruas de Altamira foram tomadas.

O povo, sobre tudo a juventude, estavam entusiasmados. Era um gás novo que eu não sei aonde estava guardado esse tempo todo, e agora veio a balde.

Numa gana propagada em suaves ondas de indignação, gritavam por Direitos Já!!

Uma certa altura da caminhada, na Djalma Dutra, o carro-som por algum motivo já não rodava mais. Problema? Nada! Aquela rapaziada empurrou o carro por toda a avenida até o final do percurso na ACIAPA.

Essa disposição singular, pode ser entendida por várias vertentes, mas prefiro olhar por duas: DA INDIGNAÇÃO, rejeitando que aí está. E o DA ESPERANÇA, num anseio por dias melhores, pondo de pé Àqueles que até então só olhavam a roda da história girar.

Aquela quinta-feira adormeceu o medo de muita gente, e acendeu a chama da luta em tantos outros.

A menina Amanda ao tomar a fala sintetizou de forma clara:

- O primeiro passo foi dado!

Aquela quinta-feira, foi todos os outros dias da semana que a precederam. E a semente de todos os outros dias que a sucederam.

E aquela juventude na rua, é fruto da insistência de lutadoras e lutadores que nunca dormiram.