De Juscelino Kucinsky
Iniciamos o ano novo
renovando todos os desejos possíveis para que em 2013 a vida possa ser melhor,
infinitamente melhor, do que foi no ano que passou. Será que desejamos que a
política seja melhor do que foi ate aqui? E porque desejar que a política
melhore? Se não temos nada a ver com isso, não é mesmo?
É muito comum ouvir as
pessoas dizendo frases tais como: “Não
gosto de política”, “só voto porque sou obrigado/a”, “não tenho a ver com isso”
e tantas outras frases que expressam, no mínimo, uma descrença geral do povo
nas instituições e políticos de plantão; mas acima de tudo, e isso é o que é
mais grave, uma total falta de compreensão do que seja, de fato, a política. As
pessoas esquecem que tudo depende da política, mas acima de tudo esquecem ou
não sabem que política é todo ato que realizamos diariamente e exatamente por
isso confundem a política como ato em si com a política partidária, essa sim,
já extremamente desgastada por tudo que a gente vive diariamente, ou talvez exatamente
pela ausência de tudo que deveríamos viver, ou melhor, ter diariamente. Todo e
qualquer bem-estar social dependente da política ou das políticas; tanto da
política como ato em sim – ato de votar -, como da política partidária que se
traduz na administração das nossas cidades, estados e país. E nenhuma deveria
coexistir separada da outra, são intrínsecas; se uma não vai bem – consciência
política de cada ser humano – a outra se transforma numa verdadeira tragédia
para a maioria da sociedade, já que exatamente pela ausência da primeira, a
segunda serve quase que totalmente aos interesses da burguesia e seus representantes de plantão.
Muitos vão dizer: “mas esses
representantes foram eleitos pelo povo ou pela maioria do povo”. De fato esses
senhores e essas senhoras, pra ser cordial, foram eleitos pelo povo, mas pelo
povo que não tem consciência de seu papel na sociedade – política como ato
cotidiano – e exatamente por essa ausência de consciência acham que “qualquer um” serve para receber o seu
voto, ou que qualquer preço paga o seu voto. Sejam algumas telhas, uma carrada
de aterro, alguns tijolos, um transformador ou R$ 50 ou R$ 100 reais. E tudo
isso porque a política partidário-administrativa não funciona para eles, nunca
funcionou. Se não vejamos o caso de Altamira. O que significou a eleição do
ex-deputado Domingos Juvenil?
Pergunto aos seus 19 mil
eleitores se o conhecem, se conhecessem seu passado, sua gestão á frente da
assembléia legislativa e seu presente. Aposto que não. Alguns até podem dizer que
o conhecem da época em que ele foi prefeito de Altamira (2001/2004), mas
definitivamente isso não representa o passado desse senhor.
Primeiro que Domingos
Juvenil é natural de Vigia, região nordeste do Estado. Aqui nunca morou, o que
ele faz é passar uma temporada para cumprir algumas ordens, como foi o caso em
que ele desempenhou o papel de prefeito da ditadura militar em 1975 – nomeado
pelo presidente de plantão da ditadura, o general Ernesto Geisel – pelo então
MDB. O partido se dizia de oposição, mas ele foi nomeado por um dos piores
presidentes da ditadura, se é que se pode dizer isso, e voltou novamente quando
foi eleito prefeito, já no período democrático, para então atender a interesses
pessoais, familiares e do grupo que representa. Quando governou Altamira, a
mando dos militares, Domingos Juvenil protagonizou a expulsão de dezenas de
famílias de uma área próxima a Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, mas como é de
praxe, nem os livros e nem a impressa falam disso, ou seja, para o povo o
esquecimento.
O Executivo Municipal
O que significou, por
exemplo, para Altamira a administração de Domingos Juvenil no período de 2001 a
2004? Parece que pra muitos significou muito, já que o mesmo foi eleito com 19
mil fotos não é mesmo? Mas será que o fato de ter ganhado a eleição significa
que este Sr. trabalhou para melhorar a vida do povo altamirense? Poucos sabem,
por exemplo, que a casa onde o Sr. Juvenil passa suas temporadas de “férias”
aqui na cidade era propriedade do município de Altamira e que num passe de
mágica passou a ser propriedade dele. Imagino que até hoje nunca foi
questionado por isso, nem pelo povo e nem por qualquer outra autoridade.
Quando governou este
município, Juvenil administrou para o seu próprio beneficio. Que nos diga a
quantidade de asfalto e bloquetes que ele utilizou para asfaltar e pavimentar,
com péssima qualidade, algumas ruas da cidade. O povo não sabe, ou não quer
saber, que ele só colocou o asfalto e os bloquetes porque os mesmos eram
provenientes da sua própria fabrica desativada depois de sua saída da
prefeitura, ou seja, fez politicagem, porque isso não foi política publica, e
ainda engordou mais, a sua já polpuda, conta bancaria. Não foi política publica
porque junto ao asfalto e aos bloquetes não teve sequer um quilometro de rede
de esgoto, não teve, por exemplo, a recuperação dos canais e córregos que
passam atrás das casas, ou seja, ao mesmo tempo em que colocou asfalto e
bloquetes, atendendo ao seu próprio interesse, deixou o povo nas mesmas
condições, sujeito aos alagamentos, enchentes e todo tipo de doenças provenientes
da sujeira, e acumulo de lixo nos canais e córregos da cidade. Mais foram
exatamente o asfalto e os famosos bloquetes que garantiram a ele os 19 mil votos,
além evidentemente, de alguns milhões de reais gastos na sua campanha; que nos
diga o seu herdeiro político, Ozório Juvenil, detido pela policia federal com
“algumas” cestas básicas, usadas provavelmente, para acalmar a miséria do povo
que mesmo com asfalto e bloquetes não tem o necessário para viver com
dignidade. Tai outro fato que não mereceu a atenção da mídia local, de nenhuma
infelizmente.
Outro fato que não mereceu a
atenção de ninguém foi que a coligação de Domingos Juvenil, aproveitando uma
brecha da lei, entrou com uma ação judicial impedindo que nas ultimas eleições
tivesse o horário eleitoral na tv. O povo em geral nem percebeu isso. Mas
porque será que eles fizeram isso? Será que a herança do asfalto e dos
bloquetes não suportariam o passado desse senhor? Uma boa pergunta pra ser
respondida.
Muitos também dirão que alem
do asfalto e dos bloquetes Domingos Juvenil construiu casas – mas quantas
foram? - e retirou famílias de áreas de risco, etc. Mas, além disso, o que foi
o governo do PMDB em Altamira? O que significou pra educação, pros servidores
públicos, pra cultura, pra segurança publica, pra saúde? Quais foram as
conquistas significativas do povo nesse período? Outra pergunta básica e
elementar é saber se o povo sabe o que foi a administração de Domingos Juvenil
a frente da assembléia legislativa do Pará. Quantos milhões foram desviados
durante a sua administração? Isso interessa ao povo? Ao que parece não, ao
menos para os 19 mil que votaram nele. O povo em geral não sabe ou não tem
ideia do significam o desvio e roubo de 80 ou 120 milhões de reais. Não sabe o
povo que o desvio desse recurso reflete diretamente na má qualidade da
educação, da saúde, da total ausência de saneamento básico, da péssima
qualidade de vida das pessoas que se encontram nos baixões e na beira dos
canais, em casebres de madeiras e que todos os anos são obrigadas a viver,
durante um tempo, como animais em baias do parque de exposição da cidade. É
isso e muito mais o que significam o desvio e roubo de milhões de reais dos
cofres públicos.
Para aqueles que farão a
defesa desse senhor já esclareço que não vale a máxima de que enquanto os
muitos processos a que ele responde não forem tramitados em julgados –
linguagem jurídica – o mesmo é inocente. Talvez seja perseguição do ministério
publico não é mesmo? Ou então do grupo Maiorana, que outrora já foi aliado, mas
que agora é inimigo mortal, ou então enquanto seus interesses não convergirem
na mesma direção, não é?
Domingos Juvenil é daqueles
políticos que o povo “venera”, coloca foto na parede, banner na porta, faz
quadro e etc. Juvenil é cria da ditadura, aliado de Jader Barbalho, é daqueles
políticos que governam para si e nunca para o povo. E é exatamente esse povo
que não consegue ver além do asfalto e dos bloquetes. A eleição de Domingos
Juvenil significa tudo isso e muito mais para o povo altamirense.
Diante de tudo isso, repito
a pergunta: o que nos resta? O povo e a esperança. A tão teimosa esperança, pois
sem ela não é possível viver e o povo e somente o povo, como classe
trabalhadora, e exatamente por isso, adversário dessa burguesia parasitaria, representada
por esse senhor e seus aliados, que conseguirá infringir, a essa mesma
burguesia, a derrota necessária para a construção da nova política. É, pois, no
povo que reside a esperança de que nesse novo ano as coisas sejam melhores, até
mesmo a política.