Por Vitoriano Bill
A noite de segunda-feira foi marcada
pelo atentado contra agricultores no km 55 da Transamazônica.
Centenas de homens e mulheres organizados
no Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rural (STTR) trancavam a Rodovia Transamazônica
e acesso para o canteiro de obra da barragem de Belo Monte desde a madrugada de
domingo pra segunda-feira. Eles reivindicavam do Estado e da Norte Energia
investimentos pra agricultura familiar, regulamentação fundiária, melhorias nas
estradas, programa de moradia pro campo, dentre outros pontos de uma pauta que
já é histórica na região.
Mas na noite de segunda-feira, quando
no km 55, a rodovia estava liberada, um carro de passeio (palio) se aproximou
do acampamento e acelerou pra cima dos trabalhadores. Feriu várias pessoas, mas
três ficaram gravemente feridos, Leidiane, Daniel e um adolescente de 13 anos.
Leidiane e Daniel infelizmente não suportaram
os ferimentos e foram à óbito. O adolescente permanece internado em estado
grave.
As mortes não foram frutos de um
acidente, tão pouco de uma pessoa que ficou nervosa com o bloqueio da estrada (
até porque no momento estava liberada) e avançou pra furar a barreira. A forma
como ocorreu deixa evidências de que foi previamente premeditada.
O homem que atropelou os manifestantes,
fugiu, e mais adiante ateou fogo no carro. Como se não bastasse, algumas
pessoas o seguiram e ele puxou uma arma de fogo, e acabou seguindo em fuga na
garupa de uma motocicleta que já lhe aguardava.
A questão à se desvendar é porque de
tamanha atrocidade. Quem está por trás desse atentado?
Infelizmente mais uma vez nossa região
é cenário de crime contra trabalhadoras e trabalhadoras em luta. Quem de fato
produz riqueza nesse país, e historicamente é abandonado pelo Estado, quando se
levanta, muitas vezes paga com a vida pela rebeldia de reclamar e denunciar a
opressão e os crimes cometidos pelo poderosos.
Esse fato não pode ficar
impune e deve ser rapidamente resolvido, e todos os culpados devem ser punidos.
Não dá pra aceitar mais uma companheira, mais um companheiro com a vida tirada
e apenas ficar na estatística.