Por Vitoriano Bill
“Vivo sem saber até quando ainda estou vivo,
Sem saber o calibre do perigo”.
(Paralamas do Sucesso)
Uma motocicleta parou do lado da
menina, o homem da garupa desce, aponta a arma pra cabeça da adolescente de 14
anos, e diz pra ela “passar o celular”. Sem reação ela tira o celular do bolso
e entrega, e os “caras” se mandam.
Aposto que alguém que está lendo este
texto já passou por uma situação dessas. Ou tem um familiar bem próximo vítima
dessa insegurança que vivemos em Altamira.
A cena descrita acima foi vivida por
Aline, minha filha, ontem às 18h, próximo de casa.
Antes, assistindo um desses jornais
locais, uma das matérias mostrava a audácias dos bandidos em roubar em plena
luz do dia, sem qualquer medo de serem flagrados pelas câmaras. Os homens que
assaltaram minha filha, nem se preocuparam em colocar o capacete pra esconder o
rosto.
Aline aos prantos não parava de falar
que além de apontarem a arma pra ela, ainda a enforcaram. “Tudo por um celular,
pai”.
A propaganda diz a todo instante que
temos que ter o celular do momento. Todo mundo tem celular. Todo mundo quer
comprar um novo celular. E uma parcela roubam celular.
Não vou choramingar por causa de um
celular. Isso com um pouco de trabalho, compramos outro. Mas quero ressaltar o
quanto a vida cada vez vale menos. Se por ventura, por medo, desespero, minha
filha corre ou faz qualquer outra reação que contrariasse os bandidos, poderia
ter um resultado que não gosto nem de pensar. E tudo por um celular.
Sempre repito que só tem quem rouba,
por que tem quem compra. Por trás do ladrão sempre tem outro criminoso, o
receptador. E no meio desse estado de banalização da violência, de insegurança,
tem os aparelhos estatais de segurança, que não defendem o cidadão.
Espero pelo dia que segurança seja política
pública levada com seriedade. Pelo dia em que homens e mulheres vivam sem medo
de sair na esquina de casa. Que a violência não seja apenas assunto pra
palanque em época de eleição, nem manchete sensacionalista pra dá mais
audiência nos meio de comunicação. Afinal, violência amedronta, mata, mas dá
muito lucro também.