Por Vitoriano Bill
Inicio
pedindo licença às mulheres que é quem tem propriedade sobre o assunto, para
falar de machismo. Falo que elas têm propriedade, pois são quem sente na pele as
dores dessa forma de violência.
Preciso
falar pelo incômodo que está me causando a forma como se dá o combate numa
campanha eleitoral quando um dos oponentes é uma mulher.
Partidos
e coligações correram para conseguir o número mínimo exigido pela legislação
eleitoral de mulheres candidatas. Quantas mulheres infelizmente estão sendo
candidatas simplesmente para o partido cumprir a meta da lei? É vergonhoso para
um país aonde o número de mulheres é muito superior ao de homens.
Isso
é um reflexo do quanto o patriarcado não retrocede, reprime o avanço da
participação feminina nos espaços de decisão do nosso país. A luta das mulheres
garantiu muitas conquistas para sua emancipação, mas mesmo em instituições que
deveriam ter o compromisso de fortalecer a participação feminina nos espaços de
decisões, não cumprem essa tarefa.
Seguindo
as violações de cerceamento do direito a participação feminina no processo
eleitoral, quando registrado a candidatura as mulheres ainda têm que além de
fazer sua campanha, apresentando suas propostas, têm de se defender de ataques
machistas sejam dos adversários, sejam do eleitorado.
Nas
eleições de Altamira, tenho assistido diversos ataques machistas contra a
candidata Josy Amaral.
Não
sei sinceramente se ela tem noção desses ataques como uma expressão do
machismo. Mas há adversários que use do fato dela ser mulher pra diminui-la
como candidata a uma gestão do executivo municipal.
Aos
que lutam diariamente contra as opressões, não podemos admitir esse tipo de
comportamento. Dizer que, se Josy Amaral for eleita quem governará é o marido,
é subestimar a capacidade administrativa de alguém sem antes mesmo testar, ou
simplesmente pré-disposição para agredir .
Argumentar
que ela não governa nem a casa é mais agressivo ainda. Chamá-la pelos adjetivos
de lerda, palerma, para indicar que caso eleita não será ela quem irá governar,
mas o marido, sim é machismo. Ou até mesmo dizer que não possui capacidade de
raciocínio, e respostas rápidas às demandas apresentadas, sim, é violência.
Ninguém
ataca os outros candidatos como sendo palerma. Afinal são homens, ninguém em
sanidade vai supor que suas esposas governarão no lugar deles.
Os
impedimentos para Josy Amaral não ser prefeita de Altamira não pode ser o fato
dela ser mulher. Pode ser que ela não tenha a capacidade técnica, política, que
não seja proba, mas não argumentemos razões machistas.
E
não estou fazendo a defesa da candidatura de Josy Amaral, mas combatendo um
tipo de opressão que talvez até ela mesma cometa em suas falas e suas ações.
O
que deve ser feito é de fato garantir a participação da mulher na política, e
não uma pseudo-participação, aonde todas as outras não se sinta representada.
Penso que poderíamos
elevar o nível do debate provocando uma ampla exposição e debate dos planos de
governo de cada candidatura à prefeitura, para podermos avaliar quais são de
fato os compromissos de cada um. Devemos entender também quem são os grupos que
constroem cada campanha, pois estes sim, sendo marido ou esposa, pastores,
empresários, vão querer a fatia do bolo conquistado. E se forem um monte de
sanguessugas, o povo padecerá por quatro anos, pois irão buscar a restituição
dos investimentos de campanha nos cofres públicos.