Por Vitoriano Bill
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Cargos de confiança da prefeitura aplaudindo o ato da prisão de Vitoriano Bill |
Ontem
(15/09) fui detido pela polícia militar, quando estava protestando contra o
projeto de lei 132, que visa privatizar a água e esgotamento sanitário em
Altamira.
A
cena da prisão está rodando nas redes sociais. Mostra a violência da pm, e como
a política é resolvida em nossa cidade.
Quero
aqui fazer algumas afirmações sobre alguns fatos.
Na
hora que fui arrastado pelo Policial, pessoas favoráveis ao projeto de lei,
cargos comissionados da prefeitura, incluindo aí colegas professores aplaudiram
a ação de violência. Não me orgulho de ver aquela cena. Não me envergonho. Mas
me entristece ver que pessoas ditas esclarecidas, ovacione a violência, ainda
mais praticada pelo estado.
Enquanto
a PM usa da violência pra retirar-me de um protesto, do outro lado da cidade,
minha irmã foi atacada por uns assaltantes pra tomarem o celular dela, como ela
não tinha, acabou apanhando. Não me orgulho de dizer que minha família foi vítima
da violência ontem, duas vezes, e que uma dessas vezes foi praticada pelo
estado. Me entristece o estado priorizar a defesa de corruptos, à trabalhadores
em situações de vulnerabilidade.
Fui
colocado na carroceria da viatura policial, embaixo do sol quente, em exposição
ao público. Não me envergonho. Não Orgulho. Me entristece a maneira com uma
decisão política reduz à nossa condição de ser humano à nada. Fui levado pra
servir de exemplo para os outros, esse foi o recado dessa elite meia-boca
altamirense.
Enquanto
estava na carroceria da viatura, uma aluna minha me viu e foi perguntar o que
houve. Eu respondi: É só a polícia prestando um desserviço e os políticos
sambando na cara do povo. Quando eu ia explicar de fato, o pm mandou ela se
afastar...Havia um pai de um aluno meu também olhando. Não me envergonhei
nenhum pouco daquela cena. Mais meu coração partiu de tristeza.
O
Jornal Fatos Regionais em sua página no facebook, assim como outros meios de
comunicação atrelada ao governo municipal perguntava “O QUE ESSE PROFESSOR ESTÁ
FAZENDO FORA DA SALA DE AULA?” Tentando colocar o meu compromisso com meu
trabalho em cheque. Não me orgulho de ver uma imprensa tão canalha quanto
algumas que temos em Altamira. Não me intimidam com esse tipo de
questionamento, pois é só irem na escola que trabalho e comparar os horários
que eu tenho que está em sala de aula e o que eu estou na Câmara e verão que
não faltei serviço. Mas já os cargos de confiança da prefeitura que estavam
todos lá, sob convocação oficial de seus secretários, não sei como vão
explicar.
Hoje
pela manhã quando cheguei na escola, os alunos já sabendo do ocorrido veio uma
turma toda do nono ano até a sala dos professores e falaram:
- O
professor merece um abraço coletivo. – E todos me abraçaram ao mesmo tempo.
DISSO SIM TENHO ORGULHO, E ALEGRA MEU CORAÇÃO.
O
que fizeram ontem foi uma nítida e descarada ação de perseguição aos Movimento
Sociais. Um ato criminoso de calar os que não se curvam diante do poderio dessa
corja, sanguessuga do dinheiro público.
E de
uma coisa é certa, lá há governo e oposição, mas na hora de perseguir os
Movimentos Sociais, se juntam pra somar forças e criminalizar os lutadores e
lutadoras de nossa cidade.
Não
me orgulho do que aconteceu, não me envergonho, me entristece!