Por Vitoriano Bill
A vida é uma
bela arte. Com seus encantos, dores, idas, vindas e mistérios sempre arranja um
jeito de sorrir pra gente.
Esses dias,
num desses momento de meditação e nostalgia, retornei no tempo há 13 anos atrás.
Quando eu era apenas um moleque de 16 anos, sobrecarregado de responsabilidade e
cheio de sonhos.
Eu já era o
principal responsável pelo sustento da família, junto com minha mãe.
Nessa época
eu estava cursando o magistério. Trabalhava num mercadinho no bairro Jardim dos
Estados. Mercadinho Jr.
Eu era uma
espécie de faz-tudo. Repor mercadoria. Fazer entregas, numa bicicleta cargueira
(imaginei aí a cena, um adolescente franzino de apenas 1,65 m, conduzindo uma
bicicleta com duas caixas de compra na frente e uma atrás). Limpar o mercadinho.
Fazer cobranças. De vez enquanto, serviços bancários. E colocar os preços nas
mercadorias (parece redundante dizer que tinha que colocar preço na mercadoria
já que era eu que as colocava na prateleira, mas já entenderão o motivo de
colocar essa atribuição de forma separada).
Nessa idade,
tudo que eu queria era me divertir, fazer alguns cursos profissionalizante,
informática. Mas, não rolou. Não tinha dinheiro pra fazer os cursos. E tinha
muita ‘obrigação’, não dava tempo pra diversão. Ou trabalhava, ou não tinha o
que comer, era época econômica muito difícil.
Não tenho
vergonha de dizer, a minha família vivia numa pobreza de lascar. A gente se
matava de trabalhar e nada mudava, era sempre a mesma pindaíba. As vezes nem o
que comer tínhamos.
O problema
não era nossa família. Era o Brasil que ia mal das pernas.
No
mercadinho, quase todos os dias eu tinha de mudar o preço dos produtos. Todo
dia aumentava os preços. Era uma tarefa que eu fazia com o coração partido. Se
num dia tínhamos dinheiro pra comprar Milharina pra fazer cuscuz, no outro dia,
aquela mesma quantia já não comprava mais. Era a maldita inflação!
A gente ali
se matando de trabalhar, e não conseguia grana nem pra comer dignamente.
Em 2002 veio
as eleições presidências, e Lula era o candidato que simbolizava o sonho de
mudança e esperança pro no Brasil.
Meu patrão
perguntava em quem eu votaria, eu dizia que no PT.
Como muita
gente, fiz campanha pro Lula simplesmente pelo fato de acreditar que ele daria
um rumo melhor ao nosso país, e que nós, os pobres, teríamos ao menos a chance
de se alimentar dignamente.
Lula ganhou!
E sim,
esperávamos muito mais de mudanças! Mas, em hipótese alguma podemos dizer que as
coisas não mudaram.
A
Universidade que era um sonho pra estudantada trabalhadora, hoje é realidade. A
juventude, hoje tem vários cursos técnicos pra fazerem e ainda recebem uma
bolsa pra isso.
A fome, bicho
medonho que tem a cara feia, e que eu conheci intimamente, não é mais um
monstro que assola nossa terra (ainda existe, mas não na mesma proporção de
antes).
Hoje, vejo
Aécio Neves dizendo que no governo PSDB, não tinha INFLAÇÃO! Confesso que não
sei de fato o que sinto quando vejo ele falando isso, pois é a mentira mais
descabida que ele poderia dizer em rede nacional.
O Governo PTista
poderia sem dúvidas ter avançado mais com políticas que beneficiasse a classe
trabalhadora. O que fizeram e o que ainda podem fazer com um segundo governo
Dilma, nem se compara com um possível retorno do PSDB à presidência.
Há alguns
anos atrás, o Brasil era um “Deus Nos Acuda”. Hoje, temos um mínimo de
estabilidade financeira, e os brasileiros vivem razoavelmente de forma digna.
É, hoje a oportunidade
que eu queria anos trás, serão meu filhos que terão assegurado. E disso não
abro mão!