Por Juscelino Kucinsky.
Motivos não faltam para que o povo em Altamira se mobilize, mas por algumas questões que não são o foco central deste texto, o povo ainda não toma as ruas em suas mãos. O que já era extremamente ruim no maior município do mundo ficou horrível com o inicio das obras do principal projeto do PAC do governo federal e do grande capital.
A obra que consome bilhões de reais de recurso publico da classe trabalhadora ao mesmo tempo em que trouxe milhares de emprego para a região, instalou um verdadeiro caos em todas as esferas da sociedade. Da saúde, que já era péssima, à educação, passando pela habitação, segurança publica, transito, saneamento básico, cultura, lazer, serviços bancários entre outros. O Brasil há muito é conhecido como o país das vilas, aqui em Altamira essa realidade se tornou alarmante, quase beirando o insuportável.
O governo federal nada faz para alterar essa realidade. As políticas publicas de responsabilidade do governo central não encontram eco na região, mesmo as famílias que se beneficiam do programa bolsa família não têm o que comemorar. Na área onde o governo podia avançar destravando a paralisia a que o setor está historicamente submetido que é a agricultura familiar, nada sai do papel. As organizações que direcionam a luta dos/as trabalhadores/as rurais e que, historicamente também estão atreladas ao governo do PT e ao partido, se movimentam de acordo com os interesses de seus caciques, sejam eles deputado federal, estadual, presidentes das siglas regionais ou coordenadores das organizações onde estão há décadas assentados.
O governo federal criou a casa de governo para ser mais uma sigla aqui na região, pois todos sabemos que os que aqui estão como meros representantes do poder politico central, de poder nada têm, não resolvem nada, não alteram nada. O governo adora enviar seus meninos/as de recado para conversar e encher lingüiça aqui em Altamira. Nada, absolutamente nada muda com essas reuniões. E no final quem paga a conta é o povo, pois todos esses gastos, que não são nada baratos, saem dos nossos impostos para que tudo permaneça como antes.
Mas voltemos aos caos a que a cidade foi submetida. Hoje me deparei com uma situação que não imaginava que tivesse chagado a esse descalabro e o que me motivou a escrever esse texto. Trabalhei nos últimos seis meses de carteira assinada e sai do emprego no final de maio; hoje, depois de mais de um mês, consegui sacar meu fundo de garantia e fui até a delegacia regional do MTE para da entrada no seguro-desemprego, isso já era por volta de 11h20min da manhã e ao chegar lá fui informado pelo vigilante que para pegar uma das 20 fichas (isso mesmo, apenas 20 fichas são distribuídas diariamente) eu deveria chegar por volta de meia noite ou uma hora da madrugada, ou seja, o trabalhador que na maioria das vezes é demitido sem justa causa e tem nesses parcos recursos a única garantia de se manter economicamente pelos próximos meses é obrigado a madrugar em frente a delegacia do MTE para ter acesso a um direito constitucionalmente garantido. A lógica capitalista a que esse governo está submetido também submete milhares de trabalhadores às piores condições para ter acesso a direitos.
Numa cidade que antes do inicio da obra tinha 100 mil habitantes e num período inferior a 2 anos viu sua população saltar para 150 mil pessoas o governo disponibiliza um sistema ultrapassado e reduzido para atender centenas de trabalhadores que são demitidos diariamente da mais cara e mais questionada obra do PAC. Essa é a lógica do desenvolvimento capitalista, neoliberal e neodesenvolvimentista do governo do PT e seus aliados burgueses, que como parasitas se instalaram em Altamira para sugar a força de trabalho da classe trabalhadora.
Ps – esse texto não traduz o tamanho da minha indignação.